Como é o tratamento CAR-T Cell e por que ele é tão revolucionário para combater alguns tipos de câncer
Para Dimas Covas, o 'próximo desafio é levar o tratamento aos pacientes do SUS', o que deve acontecer após a terapia ser registrada na Anvisa.
"Uma nova perspectiva de tratamento, uma nova fronteira do tratamento do câncer" é como Dimas Covas, diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto, professor da USP na mesma cidade e coordenador do Centro de Terapia Celular da instituição, define o tratamento CAR-T Cell, tecnologia celular usada para combater alguns tipos de câncer.
Covas explicou que trata-se de "outro universo", nas suas palavras, para o tratamento do câncer, hoje ainda mais comumente associado com quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. E como é que o CAR-T Cell funciona?
"O nosso sistema imunológico normalmente reconhece células cancerosas, cancerígenas. E essas células, a medida que o câncer vai desenvolvendo, desenvolvem a habilidade de se safar do sistema imunológico. Essa terapia especificamente com CAR-T Cell se baseia nas células do sistema imunológico."
"Então nós pegamos esse paciente, retiramos as células de defesa chamadas células T. A gente coleta essas células, leva essas células para o laboratório e no laboratório a gente faz uma modificação genética dessas cédulas. A gente altera o DNA dessas células. No paciente, essas células, que são dele, são do sistema imunológico dele, agora estão com o receptor, como se elas tivessem, de forma bem simples, como se elas tivessem um radar para localizar o câncer."
E tudo isso, segundo Covas, acontece muito rapidamente, em menos até de um mês.
Covas também afirmou que "o próximo desafio é levar o tratamento aos pacientes do SUS". Para isso, o primeiro passo é registrar a terapia na Anvisa e, depois, "em um prazo máximo de um ano e alguns meses" poderemos ver este tratamento disponibilizado gratuitamente.
Quem foi submetido a esse tratamento e conseguiu uma rápida e surpreendente remissão é Paulo Peregrino, de 61 anos, que lutava contra o câncer havia 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos.
Também em entrevista ao podcast, Peregrino se diz envaidecido por inspirar pessoas a acreditarem na ciência.
"As pessoas que estão me escrevendo [...] me caracterizando como se fosse uma luz, o meu caso, como uma luz no fim do túnel. [...] Fazer pelo SUS, provar que pode ser feito pelo SUS pra mim, não só me deixa muito envaidecido, porque eu posso estar ajudando as pessoas a acreditar em algo que foi perdido ultimamente, que foi a questão da crença na ciência."