Expectativa de Redução na Safra Nacional de Milho Verão
Relatório Agro Mensal de setembro aponta para possíveis desafios na produção e exportação do grão
Após três meses consecutivos de declínio, as cotações do milho iniciaram setembro com alta na Bolsa de Chicago. No Brasil, os preços também estão em trajetória de crescimento, após um aumento de 4% registrado em agosto na praça de Campinas (SP). A colheita de milho começou nos EUA com um bom ritmo, mas a demanda externa pelo milho brasileiro ainda está aquém dos níveis do ano passado.
Embora a safra americana esteja se desenvolvendo de forma positiva, um recente movimento de recompra dos fundos e uma demanda robusta pelo milho dos EUA contribuíram para a valorização do cereal. Contudo, a expectativa de uma grande safra americana deve moderar o crescimento das cotações na CBOT.
A valorização externa do milho, combinada com a depreciação do real, elevou a paridade de exportação, influenciando os preços internos. Além disso, os produtores brasileiros têm comercializado o milho de forma mais lenta, limitando a oferta disponível e acompanhando de perto as condições climáticas nas regiões produtoras de milho da primeira safra. Nos primeiros dez dias de setembro, o preço do cereal em Campinas (SP) subiu 4%, alcançando R$ 62 por saca.
O USDA informou que 5% da colheita de milho já foi concluída nos EUA, comparado a 4% no ano passado e 3% na média dos últimos cinco anos. O estado do Texas, conhecido por seu plantio antecipado, já completou 75% da colheita, enquanto Illinois e Indiana estão mais atrasados, com 2% e 1% da colheita concluídos, respectivamente.
Segundo a Secex, os embarques de milho em agosto somaram 6 milhões de toneladas, quase o dobro dos 3,6 milhões de toneladas exportadas em julho. Contudo, no acumulado do ano comercial de fevereiro a agosto, as exportações de milho estão 31% abaixo de 2023. Esse declínio é atribuído à menor oferta interna, à ausência da China no mercado internacional e à maior competitividade do milho americano.
A projeção para a safra americana de milho foi ajustada para cima pelo USDA, alcançando 385,7 milhões de toneladas, em virtude do bom desempenho das lavouras. No entanto, a seca nos rios da região Norte pode impactar o potencial de exportação do Brasil. A safra brasileira de milho verão para 2024/25 pode ser menor que a do ano passado.
O USDA também revisou para baixo a projeção da safra de milho da União Europeia para 59 milhões de toneladas, devido a adversidades climáticas. O balanço global de oferta e demanda de milho não mostra aumento dos estoques, diferentemente do que ocorre com a soja, reduzindo a margem para quebras significativas nos principais produtores. A projeção de importação da China foi reduzida de 23 para 21 milhões de toneladas, devido ao aumento esperado na produção local.
A redução dos níveis dos rios Madeira e Tapajós está prejudicando a logística de exportação de milho pelo Arco Norte, aumentando o tempo de espera nos portos da região e reduzindo os volumes transportados por barcaças. A estimativa de exportação do cereal é de 41 milhões de toneladas, mas pode ser revista para baixo, considerando o tempo necessário para a recuperação dos rios.
No Brasil, é possível observar uma redução na área plantada com milho verão devido às condições climáticas desfavoráveis, ao atraso das chuvas e à influência da La Niña. A tomada de decisão tardia dos produtores e a deterioração da relação de troca entre fertilizantes e o cereal desde o final de maio podem levar alguns a optar pelo plantio de soja. Assim, dependendo do desenvolvimento da safra de milho verão e da safrinha 2025, o mercado interno pode enfrentar um cenário mais nervoso, com abastecimento ajustado.
Fonte: Portal do Agronegócio