07 de setembro de 2024 - 23:10

Agronegócio

19/07/2024 17:02

Impacto da Seca na Safra de Cana-de-Açúcar do Centro-Sul

Escassez hídrica e riscos de incêndios comprometem o desempenho das lavouras

 

A frente fria que se instalou no Centro-Sul no início de julho trouxe chuvas esparsas, mas não deve alterar o quadro de escassez hídrica que as lavouras de cana-de-açúcar enfrentam desde os últimos meses. Com a umidade do solo em níveis críticos e sem previsão de chuvas significativas nas próximas semanas, produtores e especialistas já preveem uma redução na safra durante o terço final da colheita, a partir de setembro, além de um aumento no risco de incêndios.

Em diversas regiões de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, as chuvas têm sido escassas desde abril. Em Franca (SP), por exemplo, não foi registrado nenhum milímetro de precipitação em junho, enquanto a média para o mês é de 25 milímetros, segundo dados da FieldPRO. O diretor de clima da empresa, Willians Bini, observa que, embora o inverno seja tradicionalmente seco, neste ano as chuvas estão abaixo do esperado.

Carlos Dinucci, presidente da Usina São Manoel, de São Manuel (SP), expressa preocupação: “A seca está alarmante para a lavoura. É muito provável que o terceiro terço da safra sofra quebra. No ano passado, nessa época, as chuvas foram acima da média.” Ele complementa que a cana está excessivamente seca, o que compromete seu crescimento.

A falta de umidade também resultou em entrenós muito próximos entre si nas canas que serão colhidas no final da safra, característica que não deve se alterar mesmo com a eventual ocorrência de chuvas. Na região de Ribeirão Preto, a última chuva significativa foi registrada no final de março, conforme relata Luis Gustavo Diniz Junqueira, diretor comercial da Usina Batatais. “Embora a cana esteja em boa condição até agora, esperamos que no terço final haja uma quebra na produção”, afirma, ressaltando que o teor de sacarose, embora acima da média, também é um indicativo da seca.

Produtividade em Queda

A produtividade da safra já começou abaixo do esperado. Entre abril e maio, o rendimento foi 3,5% inferior ao do mesmo período do ano anterior, em um contexto em que a safra anterior (2023/24) se beneficiou de condições climáticas ideais. Embora a moagem da safra 2024/25 esteja maior devido à antecipação da colheita, a expectativa é que o volume processado no Centro-Sul fique cerca de 10% abaixo das 654 milhões de toneladas do ciclo anterior.

Para Fabio Marin, professor da Esalq/USP e coordenador do Sistema Tempocampo, “é possível que o final da safra sinta os efeitos da combinação entre a ausência de chuvas e as altas temperaturas em maio e junho. Contudo, considerando que o início da safra foi melhor do que o esperado, devemos manter uma produtividade próxima da média, talvez um pouco abaixo”.

Risco de Incêndios

Outro desafio enfrentado pelas usinas é o aumento dos incêndios. Neste ano, o número de focos cresceu significativamente, uma vez que a palhada deixada no solo após a colheita atua como combustível, fator intensificado pela seca. Entre janeiro e 24 de junho, o número de focos de calor em São Paulo — englobando diversas áreas, não apenas de cana — aumentou 2,7 vezes em relação ao mesmo período de 2023, totalizando 1.246 ocorrências, segundo a Operação Sem Fogo do governo paulista. Este número é o segundo maior registrado desde 2010.


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