Brasil dobra as exportações de DDG/DDGS em 2023
O setor movimentou US$ 180 milhões no ano passado e a perspectiva é que mais mercados sejam abertos em 2024
As exportações brasileiras de farelos de milho utilizados para nutrição animal, os chamados DDG/DDGS, dobraram em 2023 no comparativo com 2022. Ao todo, foram comercializadas 608.955 toneladas, o que movimentou US$ 180,518 milhões. Um ano antes, a venda internacional de DDG/DDGS somou 278.677 toneladas e US$ 91,151 milhões. O estímulo às exportações dos farelos de milho está previsto no Projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho DDG/DDGS 2023-2025, fruto do convênio entre a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Os DDG/DDGS são produtos da indústria de etanol de milho e cereais e utilizados como ração nas cadeias produtivas da pecuária bovina, suinocultura, avicultura, piscicultura e para ração de pets. Com o crescimento do setor de etanol de milho, sustentado na estratégia de promoção dos biocombustíveis como alternativa para a transição energética, a Unem e ApexBrasil desenvolveram um programa que vai agregar valor às exportações do agronegócio ao mesmo tempo em que aumenta a oferta de farelo de milho para produção de proteína animal.
Neste contexto, alguns mercados foram consolidados em 2023, como Vietnã, Nova Zelândia, Espanha, Egito e Turquia. Vietnã e Nova Zelândia lideraram o consumo do DDG/DDGS brasileiro, sendo que o primeiro consumiu quase 42% do total exportado e o mercado neozelandês comprou 20% do volume total. Em seguida aparecem países como Espanha, Egito, Turquia e Coreia do Sul.
O presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, explica que as exportações estão sendo estruturadas para que o produto brasileiro tenha mercado, principalmente diante da perspectiva de aumento da produção de DDG/DDGS no Brasil. Além disso, o Convênio com a ApexBrasil também está viabilizando estudos para estruturação da comunicação e promoção dos farelos e, consequentemente, sua valorização.
“Por ser um produto relativamente novo da indústria nacional, identificamos a necessidade de analisar os mercados existentes, os produtos de outros países, para então padronizar e posicionar o DDG/DDGS brasileiro. Com isso, além de mercado, também teremos valorização e competitividade de nossos produtos”, explica Nolasco.
A gerente de relações internacionais da Unem, Andréa Veríssimo, destaca que o Brasil tem muito a ganhar com a abertura e consolidação de novos mercados para o DDG/DDGS nacional. “Existe demanda internacional e o Brasil chega como um novo player que poderá aumentar a disponibilidade deste produto no mercado mundial, contribuindo com a produção de proteínas e também com setor de rações para pets”.
Histórico
As exportações de DDG/DDGS no Brasil tiveram início em 2020, porém, com a pandemia, foi a partir de 2022 que o mercado internacional passou a evoluir. Em 2020, o Brasil movimentou US$ 17,5 milhões com a venda do produto, em 2021 esse valor caiu para U$ 1 milhão e, em 2022, passou para US$ 91,1 milhões e em 2023 chegou a U$ 180,5 milhões.
A origem dos produtos é, majoritariamente, Mato Grosso, com 83,7% do mercado, o que correspondeu a US$ 151 milhões em 2023. Em seguida tem Mato Grosso do Sul, que movimentou US$ 23,6 milhões e foi responsável por 13% da receita total. Isso porque, as maiores indústrias de etanol de milho estão instaladas nestes dois estados. Mato Grosso é responsável 71% do etanol de milho produzido no país e na safra 2023/2023, que se encerra em março, vai disponibilizar 3,39 bilhões de litros. Mato Grosso do Sul vai produzir 1,02 bilhão de litros e Goiás 720 milhões de litros. Ao todo, 6,17 bilhões de litros de etanol de milho serão produzidos, o que vai representar 17% da produção nacional de etanol.
Produção
O DDG/DDGS é a sigla em inglês para grãos secos de destilarias (dry distillers grains) e são produzidos durante o processo de processamento do milho para produção do etanol. Cada tonelada de milho processado numa indústria de etanol produz 430 litros de biocombustível, 363 quilos de DDG/DDGS e 13 quilos de óleo de milho. Na atual safra, está estimada a produção de 3 milhões de toneladas de DDG/DDGS.
Fonte: Unem